domingo, 21 de setembro de 2008

Thiago Rodrigues Entrevista Na Revista TPM _P.1


A cordei você?", pergunta a repórter ao ser recebida por Thiago em seu loft em São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro, numa quarta-feira fria. Ele diz que levantou há pouco. Tá na cara. Passa do meio-dia e olhos e cabelos denunciam uma noite bem-dormida depois do futebol com os amigos. De calça jeans Diesel, Conga azul-marinho e camisa xadrez flanelada por cima da regata branca, o ator oferece água e se desculpa por não ter nada para comer. De café-da-manhã teve que se contentar com uma barra de cereal, já que a geladeira tem espaço de sobra: poucas garrafas de água e de cerveja, Ovomaltine, um pote de geléia, outros não identificados e um Tupperware com feijão-preto que a mãe dele deixou em uma visita. Nada como a comidinha da mãe. É do que o carioca mais sente falta vivendo longe da família há cinco anos.
Desde que se mandou de casa, aos 23, Thiago, hoje com 28, morou em cinco lugares diferentes. Dividiu um chalé com três companheiros da oficina de atores da Globo, no Sítio das Pedras, próximo ao Projac ("era totalmente alternativo, parecia que você estava na Europa. Nosso chalé chamava Áustria e na frente tinha um lago, com uma ponte no meio, era um lugar incrível"); passou por uma república na Barra; em seguida se mudou para uma casa vizinha com dois amigos; e, na época em que entrou para Malhação (2005), alugou sozinho um apartamento até comprar o loft onde vive hoje com o labrador chocolate Zion, de 6 anos.É costume os amigos irem lá depois do trabalho para disputar – e apostar – partidas de futebol no Playstation. Thiago adora videogame. Ganhou da namorada – a apresentadora do Esporte Espetacular Cristiane Dias, com quem está há mais de um ano e meio – um simulador de carro de Fórmula 1, que se mistura à decoração do apartamento que ele mesmo montou, com objetos trazidos de viagens, como a última que fez para Paris, Amsterdã e Bruxelas no réveillon de 2007. Na parede azul, fotos de Bob Marley, Robert De Niro, Al Pacino e um quadro de Van Gogh. Em cima do sofá de couro preto estão os roteiros de gravação de A Favorita, apoiados no laptop também preto. Desde junho, ele aparece diariamente na novela global como Cassiano, o bom moço que se reveza entre a Lara da atriz Mariana Ximenes e a Maria do Céu de Deborah Secco. Essa é sua quarta novela, a terceira com papel de destaque. Sua estréia no horário nobre foi em Páginas da Vida, em 2006, com o personagem Léo, que, nos primeiros capítulos, foge da responsabilidade de ser pai e volta na trama para brigar pela guarda dos gêmeos. Ano passado, Thiago integrou o elenco de Eterna Magia. Antes disso, protagonizou a temporada de 2005 de Malhação, quando se lançou de vez na TV, depois da breve participação no folhetim das sete Começar de Novo, em 2004.
Produção própriaA entrada de Thiago na televisão aconteceu depois de um ano de oficina de atores da Globo. Até aí, fez teatro na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), mas não se formou, como sua irmã, Joana, cinco anos mais nova. Filho de um advogado carioca e de uma corretora de imóveis cearense, não tinha a pretensão de seguir carreira. Deixou a vida levar. No cinema, fez uma única participação, ao lado da atriz Heloísa Périssé, em O Diário de Tati, longa ainda não lançado por falta de verba.Nos bastidores, o ator tem prontos alguns roteiros de curtas e espera o término da novela para colocá-los em prática. Adora escrever. É como dá vazão ao seu lado imaginativo. Thiago também tem guardado um livro de ficção: "É a história de um garoto que não queria ser como o pai, um homem muito austero, nem como a mãe, megassentimental e com uma culpa cristã gigantesca, uma família cheia de segredos. No dia do aniversário de 10 anos, ele faz um pedido a um santo pra nunca crescer nem ter responsabilidade. O pedido é aceito e ele vive por 400 anos, é uma realidade fantástica", conta o ator, que pensa em, mais pra frente, montar um coletivo de artistas com os amigos.Esses mesmos amigos são os que convivem com Thiago desde moleque, época em que ia mal em física e matemática e era advertido por bagunçar nas aulas – ele repetiu a quinta série e teve que sair do colégio. Tem saudade do tempo em que pegava a estrada rumo às praias de Florianópolis, como a Guarda do Embaú, o Rosa e o Farol de Santa Marta. Sempre que pode, o carioca corre na areia e nada na piscina do prédio. O surf hoje já não é rotina como na adolescência. Mas a prancha está lá, encostada na parede de seu estreito quintal, ao lado dos potes de ração de Zion. Encara as ondas só quando os amigos o seqüestram. "Tenho uma preguiça gigante... E o surf é um esporte que requer uma disposição quase operária para você evoluir", explica. "Ando com vontade de ver qual é a do kitesurf. Sempre fui do mar". Mas também se amarra no skate. Aprendeu a manobrar o carrinho na infância, nos fins de semana passados com os dois irmãos mais velhos, do primeiro casamento do pai. Todos sempre conviveram muito bem, tanto que Thiago, seu pai e o padrasto iam juntos aos jogos do Botafogo, embora tenha virado flamenguista. Vide o seu blog (bloglog.globo.com/thiagorodrigues), em que deixou algumas provocações contra os torcedores do Fluminense pela perda da Taça Libertadores, em julho.
Fora da ordemHá quase um ano, o ator posta poemas, fotos e textos próprios. Mas anda desanimado. "As pessoas têm uma energia destrutiva de pichar os outros. Hoje leio as coisas com um olhar menos instigado a ter prazer. Fico achando que não tenho que ficar dando opinião sobre as coisas, já tem muita gente falando, nada que eu fale vai mudar o mundo. Não sei se essa comunicação direta é boa ou ruim", solta Thiago, que leva desabafos como este para a terapia. Dia desses ficou desapontado quando encontrou o terapeuta na rua, e ele não lhe deu atenção. "Fui abordá-lo de maneira carinho­sa, porque é uma pessoa com quem você divide tudo... e falei ‘caralho, Marcão!’, e ele ‘e aí, Thiago, tudo bem? Valeu, valeu, valeu’. Falei ‘olha lá, o cara não é meu amigo...’", conta rindo. "Mas compreendo, é a maneira que tem de se dedicar a mim, não se aproximar", completa.
É que Thiago gosta de contato. Já nem liga para os paparazzi que rondam o Leblon, bairro onde moram sua mãe e sua avó. E acha que não é o tipo do cara que atrai a curiosidade dos outros. "Mesmo numa profissão que tem um bafafá enorme em torno da vida das pessoas, tenho conseguido me manter à margem do foco. Ainda caminho sem causar estardalhaço... Falo que vivo em outro mundo, porque tenho uma vida tão normal, parece que estou indo ao escritório despachar documento. Não sinto essa coisa de fama, celebridade", solta. E a Tpm aposta: por enquanto, Thiago, por enquanto...

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